Mapa mostra impactos climáticos de um mundo 4°C mais quente
Estudo encomendado pelo Departamento de Energia e Mudanças Climáticas (DECC) do governo britânico ao Met Office Hadley Centre apresenta os principais impactos que seriam enfrentados ao redor do mundo caso não consigamos frear o aumento da temperatura em 2°C. O mapa destaca alguns dos impactos que podem ocorrer caso a temperatura média global aumente em 4°C acima dos níveis pré-industriais.
O estudo foi desenvolvido se baseando em cenários de emissões feitos pelo IPCC. Com base no nível de emissão, os cientistas do Met Office e instituições parceiras fizeram projeções do aumento de temperatura da Terra e os efeitos que essa elevação causaria.
O trabalho mostra que uma média de 4°C elevação de temperatura não irá se espalhar uniformemente pelo planeta. A terra irá se aquecer mais rapidamente que o mar, e as altas latitudes, particularmente o Ártico, terão elevações maiores de temperatura. A média da temperatura em terra será de 5,5°C acima dos níveis pré-industriais.
O mapa destaca os efeitos severos na oferta de água, produção agrícola, temperaturas extremas e seca, o risco de incêndios florestais e elevação do nível do mar.
EFEITOS NO BRASIL
No Brasil, a temperatura aumentará entre 5°C no litoral e 8°C no interior do país. Isto aumenta o risco de incêndios florestais, que além de mais frequentes serão mais difíceis de controlar. As colheitas das plantações dos principais cereais das principais áreas de produção mundial irão decair. Além disso, haveria uma diminuição de até 70% nos reservatórios de água.
Metade das geleiras do Himalaia será significantemente reduzida até 2050, o que levará 23% da população da China a ser privada da vital fonte de água do degelo durante a estação seca. Os impactos mostrados no mapa são apenas uma seleção daqueles que podem ocorrer.
O documento foi lançado no Museu de Ciência de Londres por David Miliband, ministro de Relações Exteriores do Reino Unido e Ed Miliband, ministro de Energia e Mudanças Climáticas, juntamente com o cientista-chefe do Reino Unido, John Beddington.
"Se as emissões continuarem nos níveis atuais, a média de temperatura global provavelmente irá crescer em 4°C até o fim deste século ou até bem mais cedo. A ciência nos mostra que nós teremos impactos amplos e severos em todas as partes do mundo, então precisamos agir agora para reduzir emissões e evitar as faltas de água e comida no futuro", disse Vicky Pope, Chefe da área de Mudanças Climáticas do Met Office.
"Este mapa mostra que os riscos não poderiam ser mais altos nas negociações de Copenhague. Os cientistas ajudaram a ilustrar o efeito catastrófico que resultaram do fracasso de limitar o aquecimento global em 2°C. O Reino Unido está se esforçando para persuadir o mundo de que precisamos aumentar nossas ambições para que consigamos um acordo que nos proteja de um mundo de 4°C", disse Ed Miliband, Ministro de Energia e Mudanças Climáticas, que esteve no Brasil em agosto.
David Miliband disse que "nós não podemos lidar com um mundo de 4°C. Este mapa ilustra claramente o desafio que enfrentamos hoje - as mudanças climáticas são um problema verdadeiramente global que precisa de uma solução global e é esta solução que temos nas mãos. Mas para lidar com o problema das mudanças climáticas, todos nós - ministros das relações exteriores, do meio ambiente, da fazenda, de defesa, e todas as partes do governo e da sociedade - temos de trabalhar juntos para manter as temperaturas globais dentro dos 2°C. É apenas fazendo isso que nós poderemos minimizar os enormes riscos de segurança que um futuro mundo com 4°C representa."
MAPA DE PROJEÇÃO
O mapa foi gerado usando o HadCM3QUMP do Hadley Centre, programa de projeções de modelos climáticos para dois cenários de emissões de gases do efeito estufa. Estes são cenários socioeconômicos desenvolvidos de Painel Intergovernamental em Mudanças Climáticas (IPCC), representado as emissões que seriam feitas sem ações de mitigação.
Foram usados os cenários conhecidos como A1B e A1FI. Foram 34 simulações das quais 23 atingiram os 4°C antes do fim do século, e elas foram unidas no ponto em que atingiam 4°C de aquecimento. As emissões atuais estão mais perto do cenário A1FI. Para este cenário, todas as projeções menos uma apontaram um aumento de 4°C antes do fim do século.
Essa projeção não representa um ponto particular no tempo, já que cada modelo atingiu a temperatura em períodos diferentes. Os principais pontos a serem notados é que as temperaturas serão mais altas na terra do que no mar e que haverá o aumento de temperaturas extremas no Ártico.
Clique aqui para acessar o mapa.
FONTE: Foreign and Commonwealth Office