UE retoma importação de carne de 106 fazendas brasileiras

da Folha Online

A Comissão Européia (CE, órgão executivo da União Européia) decidiu nesta quarta-feira retomar as importações de 106 fazendas produtoras de carne bovina do Brasil, segundo informações da porta-voz européia de Saúde e Proteção ao Consumidor da Comissão, Nina Papadoulaki.

"As autoridades brasileiras enviaram à Comissão uma lista provisória de 106 fazendas, com os correspondentes relatórios das auditorias, que garantem que elas cumprem todos os requisitos para importação de carne", disse a porta-voz.

Segundo ela, o embargo de carne "in natura" produzida pelo Brasil estará suspenso a partir da publicação do anúncio feito hoje.

Papadoulaki destacou que a decisão desta quarta não altera o cronograma de trabalhos da missão de veterinários europeus que está no Brasil. Eles chegaram ao país na segunda-feira para inspecionar o Sisbov (sistema de controle sanitário) em uma amostra de 30 fazendas. Segundo Papadoulaki, novas fazendas poderão ser incluídas na lista a partir do resultado.

Entenda

A suspensão de exportação de carne bovina pelo Brasil foi imposta pelo bloco econômico em 1º de fevereiro. A UE determinou o embargo devido à falta de acordo sobre o número de propriedades certificadas para vender o produto, questionando o sistema de rastreabilidade do gado adotado no Brasil. Na ocasião do embargo, os europeus divulgaram que esperavam uma lista com apenas 300 fazendas, enquanto o Brasil apresentou uma lista com mais de 2.600 nomes.

Em reunião ocorrida em Bruxelas há cerca de duas semanas, representantes do Brasil e da UE não chegaram a um acordo sobre o número de fazendas aptas a exportar. Enquanto o bloco insistia em 300 fazendas, o Brasil queria uma lista mais ampla, com cerca de 600 nomes. Na semana passada, porém, o Brasil cedeu e enviou relatório com 200 propriedades.

O governo brasileiro considera que 300 produtores não são capazes de atender à demanda da UE. Apesar disso, aceitou negociar a ampliação da lista aos poucos. Segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, o ideal era habilitar de 4.000 a 5.000 propriedades.

A UE afirma, no entanto, que não teme problemas de escassez de carne bovina, e que o espaço poderia ser ocupado por envios de outros países, como Argentina, Austrália ou Uruguai. O Brasil, porém, acha que outros exportadores ou comerciantes não têm condições de cobrir a demanda da Europa.

O Brasil é o principal exportador de carne bovina mundial e o primeiro abastecedor da UE, com 65,9% do volume das importações e 56,5% do valor total do envio do produto ao bloco europeu.

No ano passado, foram exportadas para a União Européia 194 mil toneladas de carne bovina "in natura". A carne bovina industrializada não está sob embargo --foram vendidas 100 mil toneladas dessa mercadoria para a Europa em 2007.